O desenvolvimento da margem rifteada vulcânica albiana no Nordeste brasileiro e seu perfil para a geração de petróleo

Autores

  • José Maurício Caixeta Petrobras
  • Delzio de Lima Machado Junior Petrobras
  • Talles Souza Ferreira Petrobras
  • Marco Antonio Thoaldo Romeiro Petrobras

Palavras-chave:

limite crosta continental, crosta oceânica, rifte albiano, crosta continental hiperdistendida

Resumo

Este trabalho apresenta uma interpretação sobre o setor oriental das bacias do Nordeste brasileiro, onde ocorreu intenso estiramento crustal, associado a profuso vulcanismo intraplaca de idade eoalbiana. Discute-se a ocorrência de novos depocentros, decorrente desse estágio tectônico, com potencial para gerar e conter petróleo. O progresso da exploração de petróleo, mar adentro, nas bacias da margem leste brasileira gerou um acervo sísmico de reflexão de longo alcance, com registros que possibilitam imageamento da crosta até 30km de profundidade. A interpretação sísmica associada a dados de poços exploratórios permitiu identificar novas estruturas crustais, entre elas riftes eoalbianos na porção distal mais a leste das bacias do Nordeste brasileiro. Tal conjunto de dados permitiu, ainda, a visualização da geometria da crosta continental profunda sob essas bacias, as estruturas internas e a zona de transição crosta continental/oceânica. Nesse contexto, destaca-se a ocorrência de crosta continental hiperdistendida, sob uma ampla área subsidente, com depocentros que se estendem até cerca de 200km além do limite crustal até agora admitido. Ainda através de seções sísmicas, foram interpretadas duas interfaces notáveis – crosta superior/inferior e o limite crosta/manto. O contraste reológico distinto entre crosta continental superior e inferior reflete domínios rúptil e dúctil e determina, sobretudo, a zona de ocorrência e a natureza de falhas – planares ou lístricas, de alto ou baixo ângulo, bem como blocos falhados ou rotacionados. Já o horizonte dúctil caracteriza o topo da crosta inferior, para onde convergem as superfícies de descolamento das grandes falhas, que para baixo desaparece. O limite crosta continental–oceânica delimita a área de ocorrências dos novos depocentros, presumivelmente novas áreas geradoras de petróleo. Isso se confirmou com a perfuração dos poços exploratórios em águas profundas na Bacia de Sergipe, que permitiu reconhecer também eventos ígneos associados à fase sag do rifte albiano (c.a. 104 Ma -40Ar/39Ar), além da descoberta de óleo e gás em reservatórios do Cretáceo Superior. Assim, a presente associação mostrou-se bastante animadora: novo play exploratório ligado às depressões tectônicas já pode ser rastreado na margem nordeste brasileira e nas bacias da margem conjugada do lado africano, com perspectivas de descobertas de acumulações de petróleo líquido e gás.

Referências

ALMEIDA, F. F. M.; CARNEIRO, C. D. R.; MACHADO JUNIOR, D. D. L.; DEHIRA, L. K. Magmatismo pós--Paleozoico no Nordeste Oriental do Brasil. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 451-462, 1988.

ARAI, M. Paleogeografia do Atlântico Sul no Aptiano: um novo modelo a partir de dados micropaleontológicos recentes. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 331-351, maio/nov. 2009.

ASLANIAN, D.; MOULIN, M.; OLIVET, J. L.; UN-TERNEHR, P.; MATIAS, L.; BACHE, F.; RABINEAU, M.; NOUZÉ, H.; KLINGELHEOFER, F.; CONTRUCCI,I.; LABALIS, C. Brazilian and African passive margins of the Central Segment of the South Atlantic Ocean: kinematic constraints. Tectonophysics, Amsterdam, v. 468, n. 1-4, p. 98-112, Apr. 2009.

CAIXETA, J. M.; FERREIRA, T. S.; RIGOTI, C. A.; OLIVEIRA, J. A. B. Arquitetura crustal da margem nordeste: uma nova visão para a ruptura da margem brasileira. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLO-GIA, 46., 2013, Santos. Anais... Santos: Sociedade Brasileira de Geologia, 2013.

DAWSON, J. B. The gregory rift valley and Neogene-recent volcanoes of Northern Tan-zania. London: The Geological Society, 2008. 112 p. (Memoirs, 33).

DIAS, J. L. Análise estratigráfica e evolução da fase rifte nas bacias da margem leste e sudeste do Brasil. 1991. 145 f. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991.

DIAS, J. L. Tectônica, estratigrafia e sedimentação no andar aptiano da margem leste brasileira. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 7-25, 2005.

DIAS-BRITO, D. Global stratigraphy, palaeobiogeography and palaeoecology of Albian–Maastrichtian pithonellid calcispheres: impact on Tethys configu-ration. Cretaceous Research, London, v. 21, n. 2-3, p. 315-349, Apr. 2000.

FERREIRA, T. S.; CAIXETA, J. M.; RIGOTI, C. A. The diachronous Aptian-Cenomanian rifting controlled by basement inheritance along the Brazilian Northe-astern margin. In: INTERNATIONAL GONDWANA SYMPOSIUM, 14., 2011, Búzios. Anais… Rio de Janeiro: Meta Marketing e Eventos, 2011.

FRANKE, D. Rifting, lithosphere breakup and volcanism: comparison of magma-poor and volcanic rifted margins. Marine and Petroleum Geology, Guildford, v. 43, p. 63-87, May 2013.

FROSTICK, L. Rift valleys. Tectonics. In: SELLEY, R. C.; COCKS, L. R. M.; PLIME, I. R. Encyclopedia of Geology. Amsterdam: Elsevier, 2005. p. 434-442.

GEOFFROY, L. Volcanic passive margins: les marges passives volcaniques. Comptes Rendus Geoscience, Paris, v. 337, n. 16, p. 1395-1408, 2005.

HUISMANS, R.; BEAUMONT, C. Depth-dependent extension, two-stage breaking and cratonic under-plating at rifted margins. Nature, v. 47, p. 74-80, May 2011.

LAVIER, L. L.; MANATSCHAL, G. A mechanism to thin the continental lithosphere at magma-poor margins. Nature, v. 440, p. 324-328, Mar. 2006.

MANATSCHAL, G. New models for evolution of magma-poor rifted margins based on a review data and concepts from West Iberia and the Alps. International Journal of Earth Sciences, v. 93, n. 3, p. 432-466, June 2004.

MENZIES, M. A.; KLEMPERER, S. L.; EBINGER, C. J.; BAKER, J. Characteristics of volcanic rifted margins. In: MENZIES, M. A.; KLEMPERER, S. L.; EBINGER, C. J.; BAKER, J. (Ed.). Volcanic Rifted Margins. Boulder: The Geological Society of America, 2002. p. 1-14. (Special Paper, 362).

MOHRIAK, W. U.; BASSETTO, M.; VIEIRA, I. S. Crustal architecture and tectonic evolution of the Sergipe-Alagoas and Jacuípe basins, offshore northeastern Brazil. Tectonophysics, Amsterdam, v. 288, p. 199-220, 1998.

MOHRIAK, W. U.; MELLO, M. R.; BASSETTO, M.; VIEIRA, I. S.; KOUTSOUKOS, E. A. M. Crustal archi-tecture, sedimentation and petroleum systems in the Sergipe-Alagoas Basin, Northeastern Brazil. In: MELLO, M. R.; KATZ, B. J. (Ed.). Petroleum systems of South Atlantic margins. Tulsa: American Association of Petroleum Geologists, 2000. p. 273-300. (Memoir, 73).

MOULIN, M.; ASLANIAN, D. U. A new starting point for the south and equatorial Atlantic Ocean. Earth Science Reviews, Amsterdam, v. 98, n. 1-2, p. 1-37, Jan. 2010. Corrigendum to v. 103, n. 3-4, p. 197-198, Dec. 2010.

NASCIMENTO, M. A. L. Geologia, geocronologia, geoquímica e petrogênese das rochas ígneas cretáceas da Província Granítica do Cabo e suas relações com as unidades sedimentares da Bacia de Pernambuco (NE do Brasil). 2003. 302 f. Tese (Doutorado em Geodinâmica e Geofísica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2003.

SANDWELL, D. T.; MÜLLER, R. D.; SMITH, W. H. F.; GARCIA, E.; FRANCIS, R. New global marine gravity model from CryoSat-2 and Jason-1 reveals buried tectonic structure. Science, vol. 346, n. 6.205, p. 65-67, Oct. 2014.

SKOGSEID, J. Volcanic margins: geodynamic and exploration aspects. Marine and Petroleum Geology, Guildford, v. 18, n. 4, p. 457-461, Mar. 2001.

STICA, J. M.; ZALÁN, P. V.; FERRARI, A. L. The evolution of rifting on the volcanic margin of the Pelotas Basin and the contextualization of the Paraná-Etendeka LIP in the separation of Gondwana in the South Atlantic. Marine and Petroleum Geology, Guildford, v. 50, p. 1-21, Feb. 2014.

Downloads

Publicado

2015-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

CAIXETA, José; MACHADO JUNIOR, Delzio; FERREIRA, Talles; ROMEIRO, Marco. O desenvolvimento da margem rifteada vulcânica albiana no Nordeste brasileiro e seu perfil para a geração de petróleo. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1-2, 2015. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/11. Acesso em: 19 set. 2024.