O desenvolvimento da margem rifteada vulcânica albiana no Nordeste brasileiro e seu perfil para a geração de petróleo
Palavras-chave:
limite crosta continental, crosta oceânica, rifte albiano, crosta continental hiperdistendidaResumo
Este trabalho apresenta uma interpretação sobre o setor oriental das bacias do Nordeste brasileiro, onde ocorreu intenso estiramento crustal, associado a profuso vulcanismo intraplaca de idade eoalbiana. Discute-se a ocorrência de novos depocentros, decorrente desse estágio tectônico, com potencial para gerar e conter petróleo. O progresso da exploração de petróleo, mar adentro, nas bacias da margem leste brasileira gerou um acervo sísmico de reflexão de longo alcance, com registros que possibilitam imageamento da crosta até 30km de profundidade. A interpretação sísmica associada a dados de poços exploratórios permitiu identificar novas estruturas crustais, entre elas riftes eoalbianos na porção distal mais a leste das bacias do Nordeste brasileiro. Tal conjunto de dados permitiu, ainda, a visualização da geometria da crosta continental profunda sob essas bacias, as estruturas internas e a zona de transição crosta continental/oceânica. Nesse contexto, destaca-se a ocorrência de crosta continental hiperdistendida, sob uma ampla área subsidente, com depocentros que se estendem até cerca de 200km além do limite crustal até agora admitido. Ainda através de seções sísmicas, foram interpretadas duas interfaces notáveis – crosta superior/inferior e o limite crosta/manto. O contraste reológico distinto entre crosta continental superior e inferior reflete domínios rúptil e dúctil e determina, sobretudo, a zona de ocorrência e a natureza de falhas – planares ou lístricas, de alto ou baixo ângulo, bem como blocos falhados ou rotacionados. Já o horizonte dúctil caracteriza o topo da crosta inferior, para onde convergem as superfícies de descolamento das grandes falhas, que para baixo desaparece. O limite crosta continental–oceânica delimita a área de ocorrências dos novos depocentros, presumivelmente novas áreas geradoras de petróleo. Isso se confirmou com a perfuração dos poços exploratórios em águas profundas na Bacia de Sergipe, que permitiu reconhecer também eventos ígneos associados à fase sag do rifte albiano (c.a. 104 Ma -40Ar/39Ar), além da descoberta de óleo e gás em reservatórios do Cretáceo Superior. Assim, a presente associação mostrou-se bastante animadora: novo play exploratório ligado às depressões tectônicas já pode ser rastreado na margem nordeste brasileira e nas bacias da margem conjugada do lado africano, com perspectivas de descobertas de acumulações de petróleo líquido e gás.
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