Paleogeografia do Atlântico Sul no Aptiano: um novo modelo a partir de dados micropaleontológicos recentes

Autores

  • Mitsuru Arai Petrobras

Palavras-chave:

Paleogeografia, Micropaleontologia, Atlântico Sul, Cretáceo, Aptiano

Resumo

A diferenciação paleobiogeográfica observada na associação de microfósseis do Atlântico Sul no Aptiano foi resultado da existência de uma barreira física constituída pela Dorsal de São Paulo e pelo Alto de Florianópolis, a qual coibiu a livre circulação e a mistura de águas marinhas entre o Atlântico Sul meridional e o restante do Oceano Atlântico. Interpretações paleobiogeográficas, principalmente baseadas na distribuição de dinoflagelados fósseis, mostram que os registros de dinoflagelados aptianos, ao norte da barreira, limitam-se a ocorrências geograficamente restritas de associações de baixa diversidade, relacionadas a blooms de Subtilisphaera (Ecozona de Subtilisphaera). Ali, o ambiente marinho variava de predominantemente evaporítico (nas bacias da Margem Leste) a parálico (nas bacias da Margem Equatorial). Os dados levantados confirmam que a Transgressão Aptiana nessas bacias foi alimentada pelas águas tetianas vindas do Atlântico Central, contendo na Bacia de Santos o extremo de seu avanço rumo sul. Esta reconstituição se baseia na distribuição geográfica dos registros do bloom de Subtilisphaera, em conjugação com outras evidências de sedimentação marinha – e.g.: evaporitos aptianos; ocorrência de diversos fósseis marinhos na Bacia do Araripe; radiolários da Formação Areado (Bacia do São Francisco) e dados geoquímicos das formações Codó e Alagamar (nas bacias Parnaíba e Potiguar, respectivamente). O lineamento formado pela Dorsal de São Paulo e Alto de Florianópolis impediu a chegada das águas tetianas à Bacia de Pelotas e ao sul desta, onde condições francamente marinhas já reinavam no Aptiano, a julgar pela presença de uma associação de dinoflagelados de alta diversidade contendo mais de 20 espécies. Entre estas, estão as espécies Tenua americana e Occisucysta victorii, ambas endêmicas e características da Microflora Austral, o que sugere que a Bacia de Pelotas fazia parte do Atlântico Sul meridional durante o Aptiano. A conexão entre o Atlântico Sul meridional e o restante do oceano se estabeleceu durante o Albiano, porém, a influência restritiva da Dorsal de São Paulo e do Alto de Florianópolis persistiu até o final do Albiano.

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Publicado

2009-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

ARAI, Mitsuru. Paleogeografia do Atlântico Sul no Aptiano: um novo modelo a partir de dados micropaleontológicos recentes . Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 331–351, 2009. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/116. Acesso em: 19 set. 2024.