Avaliação do potencial gerador de petróleo e interpretação paleoambiental com base em biomarcadores e isótopos estáveis de carbono da seção Pliensbaquiano – Toarciano inferior (Jurássico Inferior) da região de Peniche (Bacia Lusitânica, Portugal)

Autores

  • Luiz Carlos Veiga de Oliveira Petrobras
  • René Rodrigues
  • Luis Vitor Duarte
  • Valesca Brasil Lemos

Palavras-chave:

Bacia Lusitânica, rochas geradoras, potencial gerador, Jurássico, isótopos de carbono

Resumo

A Bacia Lusitânica (Portugal) localiza-se na borda oeste da Placa Ibérica, abarcando uma espessura sedimentar máxima de aproximadamente 5 km. Apesar de apresentar evidências de sistemas petrolíferos, e cerca de uma centena de poços perfurados, o seu potencial gerador ainda não foi totalmente avaliado. Os sedimentos foram depositados entre o Neotriássico e o final do Cretáceo, principalmente durante o Jurássico. O Jurássico Inferior está bem representado na Bacia Lusitânica, sendo a seção de Peniche uma das áreas mais destacadas por apresentar cerca de 450 m de margas e calcários depositados entre o Sinemuriano e o Toarciano. O presente estudo aborda a avaliação do potencial gerador da seção Pliens-baquiano – Toarciano inferior de Peniche, abrangendo as formações Vale das Fontes, Lemede e Cabo Carvoeiro (membros CC 1 e 2), com base em 233 amos-tras de rocha onde foram realizadas análises de carbono orgânico total (COT), pirólise Rock-Eval e biomarcadores. Para as interpretações paleoambientais também foram utilizados dados de δ18O e δ13C. O Membro Margo-calcários com níveis betuminosos (Mcnb), da Formação Vale das Fontes, apresenta os maiores valores de COT, atingindo 14,95%, correspondendo às zonas de amonites ibex (parte superior), davoei e margaritatus e parte das biozonas de nanofósseis NJ4a e NJ4b (Pliensbaquiano). Este membro também possui alto potencial gerador (S2: 10 a 50 mgHC/g rocha) e valores regulares de índice de hidrogênio (IH: 200 a 555 mgHC/g COT) em uma seção termicamente imatura (Tmax com cerca de 430ºC). 

A relação IH x IO revela que o querogênio predominante, na parte da seção onde os valores de COT são mais elevados, é do tipo II. A boa correlação positiva entre valores de COT e as relações de biomarcadores P/nC17 e esteranos (C27/C29), ao longo do Me-bro Mcnb, sugere gradativo aumento de anoxia e maior contribuição de algas em relação a vegetais terrestres. Geralmente, as variações de δ18O verificadas nas bacias da Península Ibérica têm sido explicadas como sendo relacionadas a mudanças na temperatura. Este trabalho apresenta uma interpretação alternativa, correlacionando as alterações de δ18O com dados de biomarcadores para indicar variações de salinidade. Assim, a presença de gamacerano nos membros margas e cal-cários com Uptonia e Pentacrinus (Mcup) e membros margas e calcários grumosos (Mcg), associada ao aumento de valores de δ18O indicariam ambiente com salinidade acima dos níveis normais. Além disso, o aumento da proporção dos moretanos em direção à superfície de inundação máxima (SIM) (posicionada na excursão positiva de δ13C na parte superior do Mem-bro Mcnb – zona de amonites margaritatus e biozona de nanofósseis NJ4b), associada à ausência de gamacerano, sugere o declínio gradativo da salinidade. A presença de gamaceranos na porção superior do Membro Mcnb, com a diminuição da proporção de moretanos e aumento da razão Ts/Tm, parece indicar novo ciclo de aumento de salinidade.

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Publicado

2006-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

OLIVEIRA , Luiz Carlos Veiga de; RODRIGUES, René; DUARTE, Luis Vitor; LEMOS, Valesca Brasil. Avaliação do potencial gerador de petróleo e interpretação paleoambiental com base em biomarcadores e isótopos estáveis de carbono da seção Pliensbaquiano – Toarciano inferior (Jurássico Inferior) da região de Peniche (Bacia Lusitânica, Portugal). Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 207–234, 2006. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/131. Acesso em: 19 set. 2024.