Diacronismo de eventos no rifte Sul-Atlântico

Autores

  • Gilmar Vital Bueno Petrobras

Palavras-chave:

rifte Sul-Atlântico, estratigrafia isotópica, magmatismo eocretácico, efeito estufa, rifte propagante

Resumo

O diacronismo entre gerações de seaward dipping reflectors - SDR, de enxames de diques e de lineações magnéticas observadas nas margens sul-americana e africana, suporta a interpretação de um rifte propagante para o Atlântico Sul. O estágio pré-rifte se caracterizou por uma subsidência gradual no segmento norte e de ascensão astenosférica no sul, vinculada à Pluma Tristão da Cunha. Esta produziu o magmatismo da Província Paraná - Etendeka (PPE), cuja atividade entre 138 e 127 Ma coincide com o aquecimento climático registrado nos riftes brasileiros e com o período do primeiro efeito estufa no Cretáceo. O primeiro break-up se estendeu até as proximidades dos atuais afloramentos da PPE ao redor de 132 Ma (M11), quando o magmatismo continental é drasticamente reduzido e surge o conjunto simétrico de SDR São Jorge - Pelotas sobre a discordância de break-up. A norte, o aumento da taxa de estiramento crustal gerou a Charneira Atlântica e uma discordância intra-rifte nas bacias africanas. No lado americano, ocorreu a rotação da Microplaca Sergipe, que substituiu o Rifte Recôncavo - Tucano pela zona transformante Sergipe- Alagoas no trajeto da separação continental, e a formação da discordância de propagação pré-Aratu (132 + 2 Ma), cronoequivalente à africana e marco do limite Valanginiano - Hauteriviano. A mudança na direção dos enxames de diques, de ortogonais ao Rifte Sul - Atlântico no período de 137 - 130 Ma a paralelos a ele entre 133 - 125 Ma, a rotação dos SDR ao norte da Bacia de Pelotas e a geração de uma discordância regional na Bacia de Santos, foram todos produtos do tectonismo que precedeu ao segundo break-up. Este alcançou a região do atual Arco de Ponta Grossa e tem no lineamento magnético M3 (126 Ma) a idade da segunda geração de SDR, o que sugere a possibilidade de influência marinha na sedimentação ao sul da Bacia de Santos, já no Andar Buracica. Após se deslocar ao longo do lineamento Capricórnio e contornar o Platô de São Paulo, o terceiro break-up seguiu no sentido norte e ficou registrado nos SDR aptianos à frente das bacias de Jacuípe e Sergipe.

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Publicado

2004-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

BUENO, Gilmar Vital. Diacronismo de eventos no rifte Sul-Atlântico. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 203–229, 2004. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/175. Acesso em: 19 set. 2024.