Geometria da porção proximal do sistema deposicional turbidítico moderno da Formação Carapebus, Bacia de Campos;  modelo para heterogeneidades de reservatório

Autores

  • Luís Cláudio Ribeiro Machado Petrobras

Palavras-chave:

turbidito, Carapebus, geologia marinha, reservatório, exploração

Resumo

O sistema deposicional de águas profundas do Cenozóico da Bacia de Campos é melhor compreendido no estudo do atual fundo marinho. Esse ambiente acolhe o sistema turbidítico da Formação Carapebus, onde se armazenam mais de 90% do petróleo brasileiro. Examinaram-se side-scan sonar, batimetria de varredura, Sub-Bottom Profiler, testemunhos a pistão e sísmica 3D, em um conjunto de dados que cobre quase a totalidade da bacia. Depois de sair do Canyon Almirante Câmara, os turbiditos erodem o avental de detritos lamosos que envolve o talude continental (slope apron) e começam a depositar espessas camadas de areia limpa em uma grande calha, entre as batimetrias de 1 800 m e 3 000 m. A calha tem 3,5 km de largura, 150 m de profundidade e 150 km de comprimento. Ela é formada pelo encadeamento de mini-bacias criadas pela tectônica salífera. Em alguns lugares, o fundo do mar é plano o suficiente para desenvolver um lobo deposicional, em todos os aspectos igual aos melhores reservatórios da bacia. Observa-se que: 1) as areias arcoseanas dos turbiditos são trazidas pelo rio, trafegam pela plataforma continental, pelo vale inciso e pelo Canyon até chegar ao sistema turbidítico – elas não são originadas pela evolução de um debris flow de colapso do talude; 2) um largo debris apron de diamictons lamosos bordeja o talude continental e representa um gigantesco volume de sedimentos da bacia; 3) há turbiditos mas não há leques submarinos – a geometria do Carapebus é uma calha alongada, e existe também um lobo; 4) as camadas turbidíticas, tanto no lobo quanto na calha, não são depositadas em um único episódio. Elas são a soma de uma miríade de eventos nos quais pequenos canais, que trazem os turbiditos, avulsam e se entrelaçam ao longo de toda a área deposicional até construir, amalgamados, uma única camada arenosa ao longo de largo tempo geológico; 5) é proposto um modelo deposicional hierárquico para bulbos, lobos e leques submarinos; 6) o sistema estudado é essencialmente arenoso, não formando channel-levees clássicos (canal de leque).

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Publicado

2004-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

MACHADO, Luís Cláudio Ribeiro. Geometria da porção proximal do sistema deposicional turbidítico moderno da Formação Carapebus, Bacia de Campos;  modelo para heterogeneidades de reservatório. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 287–315, 2004. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/182. Acesso em: 19 set. 2024.