Zoneamento Bioestratigráfico e Paleoclimático dos sedimentos do quaternário superior do talude da Bacia de Campos, RJ, Brasil

Autores

  • Marco Aurélio Vicalvi Petrobras

Resumo

Os métodos clássicos de análise de mudanças climáticas pós-pliocênicas foram aplicados em 1 306 amostras de três furos geológicos com testemunhagem contínua e de 26 testemunhos a pistão, coletados no talude da Bacia de Campos. Espécies de foraminíferos planctônicos indicadoras de águas quentes e frias foram selecionadas e seus percentuais colocados em perfil, gerando curvas paleoclimáticas. Estas curvas, por comparação com as curvas de Ericson e Wollin, permitiram a identificação de diversos intervalos glaciais e interglaciais e a datação dos principais eventos climáticos ocorridos durante o Quaternário Superior no talude da Bacia de Campos nos últimos 145 000 a 150 000 anos. Com base nas variações de freqüência de Globorotalia menardii s.l., Globorotalia inflata e Globorotalia truncatulinoides, complementadas pelas observações sobre o desaparecimento/reaparecimento do plexo Pulleniatina, foi possível subdividir, nos testemunhos longos (furos geológicos), as zonas Z (Holoceno), Y e X (Pleistoceno) em 15 subzonas (Z1, Z2, Y1, Y2 e X1 a X11). Este resultado aprimora os exercícios de correlação entre os testemunhos e melhora o cálculo das taxas de sedimentação nas seções estudadas. Os testemunhos a pistão, relativamente curtos, serviram para delimitar com mais precisão o limite Pleistoceno/Holoceno em várias áreas do talude da Bacia de Campos e calibrar o biorizonte desaparecimento de Pulleniatina obliquiloculata. O desaparecimento do plexo Pulleniatina na porção mediana da Zona Y marca a idade aproximada de 42 000 anos e o de Globorotalia flexuosa, no topo da Zona X, o fim da última interglacial (84 000 anos). Este conjunto de dados, quando correlacionado com o zoneamento bioestratigráfico de Bolli e Premoli Silva, revela que os sedimentos amostrados situam-se na parte superior da Zona Globorotalia truncatulinoides truncatulinoides. Os testemunhos longos atingiram as subzonas Globigerina calida calida (parte) e Globigerina bermudezi (Pleistoceno) e Globorotalia fimbriata (Holoceno), que se correlacionam com as zonas paleoclimáticas W (parte), X, Y (Pleistoceno) e Z (Holoceno). Os testemunhos a pistão não atravessaram completamente a Subzona Globigerina bermudezi (Zona Y). Alguns atingiram o datum Pulleniatina obliquiloculata (40/42 000 anos), mas nenhum deles alcançou o topo da Zona X (84 000 anos)(Originais recebidos em 01.04.96.)

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Publicado

1997-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

VICALVI, Marco Aurélio. Zoneamento Bioestratigráfico e Paleoclimático dos sedimentos do quaternário superior do talude da Bacia de Campos, RJ, Brasil. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1-2, p. 132–165, 1997. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/195. Acesso em: 19 set. 2024.