Análise de imagens no estudo do sistema poroso de rochas-reservatório
Resumo
As propriedades petrofísicas das rochas-reservatório são fortemente controladas pela geometria do espaço poroso. O tamanho, o volume e a conectividade dos poros são parâmetros que podem ser avaliados semiquantitativa e qualitativamente pela petrografia óptica. Análises petroffsicas de detalhe, como as de pressão capilar, usadas para interpretar tamanhos de gargantas, não fornecem informações quanto à sua forma e distribuição espacial. A utilização de sistemas computadorizados de análise de imagens (AI) permite rápida avaliação quantitativa da geometria e distribuição do espaço poroso das rochas-reservatório a partir da análise de lâminas delgadas. O sistema de análise de imagens implantado no Setor de Geologia de Reservatórios (SEGRES) da Divisão de Geologia e Engenharia de Reservatórios (DIGER) visa a caracterizar o espaço poroso das rochas-reservatório, otimizar as medidas petrográficas, correlacioná-Ias às medidas petrofisicas, de modo a prover um sistema complementar de estudo da geometria do espaço poroso. Pode-se até mesmo desenvolver metodologia capaz de prever valores de porosidade e permeabilidade em intervalos onde a ausência de testemunhos elou plugues impeça a realização de medidas petrofísicas. A existência de amostras laterais elou de calha permite a confecção de lâminas delgadas, processadas pelo analisador, permitindo, então, a estimativa das medidas petrofísicas. A metodologia implantada utiliza imagens de elétrons retroespalhados (BSE), obtidas de lâminas delgadas analisadas em microscópio eletrônico de varredura (MEV). Estas imagens são digitalizadas e transmitidas para o analisador, onde são processadas. O analisador consiste em um microcomputador, dois monitores coloridos de alta resolução, uma impressora e uma unidade de controle de brilho e contraste da imagem adquirida . O equipamento utiliza o software IPA-85, da Tracor Northern Inc., que dispõe de uma série de aplicativos de processamento e análise de imagens . A análise de imagens foi utilizada em estudos de arenitos da Formação Pendência, testemunhados na parte emersa da Bacia Potiguar e em calcarenitos da Formação Guarujá, na Bacia de Santos. Nos primeiros, foram obtidas medidas de porosidade, tamanho, forma e distribuição dos poros em lâminas delgadas de arenitos fluviais, deltaicos e turbidrticos, que foram comparadas com os respectivos valores das análises petrofísicas e petrográficas. Os diversos padrões de tamanho, distribuição e conectibilidade dos poros apresentaram boa correlação com os valores petrofisicos de laboratório, o que permitiu explicar as diferentes permeabilidades dos reservatórios analisados. Nos reservatórios carbonáticos da Formação Guarujá, no Campo de Tubarão, parâmetros obtidos pela análise de imagens, tais como tamanho de poros, perímetro externo, área média e fator forma dos poros apresentaram boa correlação com valores petroffsicos de laboratório, tais como permeabilidade, tamanho de garganta de poros e eficiência de recuperação de mercúrio. Desta forma, a metodologia permitiu o cálculo de valores de permeabilidade correlacionáveis com os valores medidos por métodos petroffsicos.
