Arquitetura de reservatórios de águas profundas

Autores

  • Marco Antônio Schreiner Moraes Petrobras
  • Paulo Roberto Blaskovski
  • Paulo Lopes Brandão Paraizo Petrobras

Palavras-chave:

arquitetura, reservatórios, águas profundas, turbiditos, heterogeneidades

Resumo

A integração de observações de subsuperfície com dados de sistemas análogos (afloramentos e sistemas recentes) permite classificar os reservatórios de águas profundas em três tipos básicos de arquitetura, denominados: (1) complexos de canais discretos; (2) complexos de canais amalgamados; e (3) complexos de canais distributários e lobos. O primeiro tipo se caracteriza pelo empilhamento vertical ou oblíquo de corpos de preenchimento de canal, originando corpos espacialmente segregados. O segundo é formado pela amalgamação lateral de canais, que origina extensos corpos com geometria externa lobada ou tabular, mas que são internamente canalizados. Os complexos de canais distributários e lobos são formados por uma rede de canais distributários rasos associados a lobos laterais (spills) e frontais (terminais). Em termos de fácies, os complexos de canais discretos são constituídos por depósitos grossos de preenchimento de canal intercalados com fácies de granulometria mais fina de extravasamento. Os complexos de canais amalgamados formam espessos pacotes de arenitos pouco estratificados, com poucas intercalações de finos, enquanto nos complexos de lobos ocorre maior preservação do topo estratificado das camadas arenosas e dos sedimentos finos intercalados. Quanto a dimensões, uma hierarquia de elementos de arquitetura é registrada, incluindo (1) elementos individuais, (2) elementos compostos, e (3) complexos. Inicialmente definida para canais, a mesma hierarquia tem sido reconhecida em complexos de lobos. É possível relacionar as hierarquias de elementos de arquitetura com as ordens da estratigrafia de alta resolução. Comumente, os elementos individuais podem ser associados a unidades de 6ª ordem, os elementos compostos a unidades de 5ª ordem e os complexos a unidades de 4ª ordem. Os três tipos de reservatórios aqui apresentados são comuns nas bacias da costa brasileira e são encontrados em diferentes idades. No Cretáceo e no Terciário Inferior predominam complexos de canais amalgamados formando espessas seqüências em calhas formadas pela tectônica salífera. No Terciário Superior (Oligoceno - Mioceno), complexos de lobos ocupando minibacias são mais comuns, formando os principais reservatórios de campos como Marlim e Marlim Sul. A identificação dos tipos de arquitetura é importante para a coleta e organização das informações sobre a geometria, dimensões e heterogeneidade dos reservatórios, utilizadas nos procedimentos de caracterização, modelagem e gerenciamento.

Publicado

2006-05-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

MORAES, Marco Antônio Schreiner; BLASKOVSKI , Paulo Roberto; PARAIZO, Paulo Lopes Brandão. Arquitetura de reservatórios de águas profundas. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 7–25, 2006. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/264. Acesso em: 19 set. 2024.