Reservatórios profundos no brasil: a próxima fronteira exploratória?

Autores

  • Carlos Henrique Lima Bruhn Petrobras

Resumo

A descoberta, especialmente ao longo da década de 80, de várias ocorrências de significativas porosidades e permeabilidades em grandes profundidades tem caracterizado o que poderá ser a próxima fronteira na exploração de petróleo no Brasil: a exploração em reservat6rios profundos. Estimativas conservadoras apontam um volume recuperável de gás a ser descoberto em jazidas profundas no Brasil da ordem de 400 x 10 9 m3, justificando uma prospecção mais sistemática e intensa destes objetivos. Dos 4909 poços exploratórios perfurados até maio de 1989 nas bacias brasileiras, cerca de 1 158 (24%) estão a uma profundidade maior do que 3 000 m. Embora esta percentagem seja significativa, tal número de poços é insuficiente para uma avaliação mais precisa do potencial dos reservat6rios profundos no Brasil, uma vez que existem mais de 30 bacias a serem exploradas, cobrindo uma área de cerca de 5 x 10 6 km2. Adicionalmente, os poços profundos estão mal distribuídos pelas diversas bacias: 53% dos poços com profundidade acima de 4 000 m foram perfurados em apenas três bacias (Campos, Santos e Sergipe-Alagoas), e 38% daqueles com profundidade superior a 5 000 m estão na Bacia de Santos. Apesar de relativa escassez de informações, os estudos detalhados dos reservat6rios profundos já conhecidos permitem o reconhecimento de importantes processos e situações geológicas, responsáveis pela preservação e geração de porosidade em profundidade, que podem atuar de forma isolada ou combinada: 1) o soterramento tardio ou o menor tempo de residência dos reservat6rios a grandes profundidades; 2) a entrada precoce de hidrocarbonetos nos reservatórios, quando estes encontram-se ainda pouco compactados elou cimentados; 3) a entrada precoce de solventes orgânicos nos reservatórios, otimizando os processos de geração de porosidade secundária; 4) a superimposição de mais de uma fase de geração de porosidade secundária; 5) uma composição do arcabouço mais resistente aos processos mecânicos (compactação) e químicos (cimentação) de redução de porosidade, particularmente aquelas ricas em quartzo e pobres em componentes dúcteis, como intraclastos lamosos e fragmentos de rochas com filossilicatos; 6) o recobrimento eodiagenético dos grãos por cutículas ou franjas de argilas elou óxidos que inibem a compactação química e a cimentação por crescimentos secundários de quartzo e feldspatos; e 7) a cimentação precoce por calcita, que preserva um empacotamento frouxo na rocha durante o soterramento, de maneira que a sua dissolução em subsuperfície produza um incremento bastante significativo na porosidade dos reservatórios.

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Publicado

1990-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

BRUHN, Carlos Henrique Lima. Reservatórios profundos no brasil: a próxima fronteira exploratória? . Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 4, n. 4, p. 349–386, 1990. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/414. Acesso em: 19 set. 2024.