Formação Karapotó – uma nova unidade estratigráfica paleozoica na Bacia de Sergipe-Alagoas

Autores

  • Cristiano Camelo Rancan Petrobras
  • Lanamara Pinheiro Cangussu Petrobras
  • Manoel Nabuco Chaves Costa Petrobras
  • Maria Rosilene Ferreira de Menezes Santos Petrobras
  • Nucio Ribas Petrobras
  • Cristina Pierini Petrobras
  • Cláudio Petrothelle Victor Bezerra Petrobras
  • Wagner Souza-Lima Petrobras
  • Cláudio Borba Petrobras

Palavras-chave:

estratigrafia, Paleozoico, Bacia de Sergipe-Alagoas

Resumo

A partir de trabalhos de campo realizados no Domo de Igreja Nova, porção central da Bacia de Sergipe-Alagoas, foi individualizada uma nova seção sedimentar basal, em contato direto com o embasamento. Esta seção, aqui denominada Formação Karapotó, é constituída por ortoconglomerados oligomíticos tipicamente compostos por seixos de quartzo branco, com raros fragmentos líticos do embasamento adjacente, e arenitos quartzosos muito grossos a finos, maturos. Formam corpos de geometria tabular a sigmoidal, com estratificações tabular e acanalada, cujas paleocorrentes indicam sentido preferencial N/NE, distinto das unidades sobrejacentes, numa associação de fácies típica de ambiente fluvial entrelaçado/deltaico. Análises bioestratigráficas não tiveram êxito em datar a Formação Karapotó, porém seu posicionamento sotoposto à Formação Batinga (pensilvaniana) lhe confere idade igual ou mais antiga que esta. Estudos efetuados nas bacias de Jatobá e Tucano Norte (gráben de Santa Brígida) sugerem sua similaridade textural, faciológica e estratigráfica com rochas da Formação Tacaratu. Esta última, de idade pré-struniana, vem sendo atribuída na literatura ao Ordovício-Siluriano ou Siluro-Devoniano, com base em similaridades litológicas com o Grupo Serra Grande da Bacia do Parnaíba (Ordoviciano-Eodevoniano) e no seu posicionamento estratigráfico inferior à Formação Inajá (neodevoniana terminal). A análise de poços perfurados na Bacia de Sergipe-Alagoas constatou sua ocorrência em pelo menos 18 deles, distribuídos entre os baixos de São Cristóvão (Sergipe) e Pilar (Alagoas). Alguns poços exibem intercalações de folhelhos marrons ou negros, micáceos, de aspecto terroso ou ceroso, acicular ou blocoso, radiativos. Embora normalmente pouco espessa em superfície, um afloramento exibe uma seção com quase 100m de espessura, alcançando, em subsuperfície, espessuras próximas a 300m (p. ex., 1-FTD-2-AL). Além da Formação Tacaratu, a Formação Karapotó apresenta similaridades litológicas com as formações Mauriti/Cariri, da Bacia do Araripe, e parte superior do Grupo Serra Grande (Formação Jaicós), da Bacia do Parnaíba, com semelhança parcial quanto ao padrão de paleocorrentes.

Biografia do Autor

  • Wagner Souza-Lima, Petrobras



  • Cláudio Borba, Petrobras



Referências

BENDER, F. North-east Sergipe Coastal Basin: progress report of Sergipe geological field party TG-6. Maceió: Petrobras/EXSA, 1957. 28 f. Relatório interno. Inclui mapas.

BARBOSA, O. Geologia de parte da região do médio São Francisco, nordeste do Brasil. Petrópolis: PROSPEC, 1964. 69 p.

BRITO, I. M. Contribuição ao conhecimento dos microfósseis devonianos de Pernambuco: I - archae-otriletes. Anais da Academia Brasileira Ciências, Rio de Janeiro, v. 39, n. 2, p. 281-283, 1967a.

BRITO, I. M. Contribuição ao conhecimento dos microfósseis devonianos de Pernambuco: II - aritarcha - ptermorphitae. Anais da Academia Brasileira Ciências, Rio de Janeiro, v. 39, n. 2, p. 285-287, 1967b.

CAMPOS NETO, O. P. A.; SOUZA-LIMA, W.; CRUZ, F. E. G. Bacia de Sergipe-Alagoas. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 405-415, maio/nov. 2007.

CARVALHO, R. R.; NEUMANN, V. H.; FAMBRINI, G. L.; VIEIRA, M. M.; ROCHA, D. E. G. A. Origem e proveniência da sequência siliciclástica inferior da Bacia do Jatobá. Revista Estudos Geológicos, Recife, v. 20, n. 2, p. 113-127, 2010.

CRUZ, F. E. G. Análise estratigráfica das formações Batinga, Aracaré e Candeeiro, Bacia de Sergipe-Alagoas. Aracaju: Petrobras/DENEST/DIREX/SELAG, 1994. 24 f. Relatório Interno. Inclui fotografias. 10 seções estratigráficas.

DINO, R.; ANTONIOLI, L.; BERGAMASCHI, S.; RODRIGUES, M. A. C. Palinologia de depósitos aflorantes da Formação Batinga, Membro Boacica, Carbonífero superior da Bacia de Sergipe. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 41., 2002, João Pessoa. Boletim de resumos... São Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia, 2002. p. 659.

DINO, R.; GONZÁLEZ, F.; ANTONIOLI, L.; MILHOMEM, P. S.; MORENO, C.; SÁEZ, R. Palinologia de estratos do Devoniano terminal e do Carbonífero Inferior da Bacia de Tucano - NE Brasil. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA, 22., 2011, Natal. Atas... Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Paleontologia, 2011. p. 268-271.

FEIJÓ, F. J. Bacias de Sergipe e Alagoas. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 149-161, jan./mar. 1994.

GHIGNONE, J. I. Geologia do flanco oriental da Bacia de Tucano Norte (do Vasa Barris ao São Francisco). Salvador: Petrobras/RPBA/DIREX/SETEX, 1963. 99 f. Relatório interno. Inclui mapas.

GRAHN, Y.; CAPUTO, M. V. Early silurian glacia-tions in Brazil. Palaeogeography, Palaeoclima-tology, Palaeoecology: an international journal for the geo-sciences, Amsterdam, v. 99, n. 1/2, p. 9-15, Nov. 1992.

GRAHN, Y.; MELO, J. H. G.; STEEMANS, P. Integrated chitinozoan and miospore zonation of the Serra Grande Group (Silurian-Lower Devonian), Parnaíba Basin, northeast Brazil. Revista Española de Micropaleontología, Madrid, v. 37, n. 2, p. 183-204, mayo/ago. 2005.

MOTA L. Estado de Sergipe. In: BRASIL. Conselho Nacional do Petróleo. Relatório de 1950. Rio de Janeiro: CNP, 1951. p. 96-99. Inclui mapa e tabela.

MUNIZ, G. C. B. Macrofósseis devonianos da Formação Inajá no Estado de Pernambuco. 1976. 165 f. Tese (Livre Docência)-Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1976.

QUADROS, L. P. Ocorrência de palinomorfos em sedimentos paleozóicos da Bacia de Jatobá (Pernambuco). Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 68-72, 1980.

REGALI, M. S. P. Resultados palinológicos de amostras paleozoicas da Bacia de Tucano-Jatobá: seção paleozoica do Poço IMST-1-PE, na Bacia de Jatobá. Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 165-180, abr./jun. 1964.

ROCHA-CAMPOS, A. C. Late Palaeozoic tillites of the Sergipe-Alagoas Basin, Rondônia and Mato Grosso, Brazil. In: HAMBREY, M. J.; HARLAND, W. B. (Ed.). Earth’s pre-Pleistocene glacial record. Cambridge: University Press, 1981. p. 838-841.

ROCHA-CAMPOS, A. C.; SANTOS, P. R.; SALVETTI, R. A. P. Iceberg scours and associated subglacial furrows and striae on sandstones of the Late Paleozoic Curituba Formation, NE Brazil. In: LATIN AMERICAN CONGRESS OF SEDIMENTOLOGY, 3., 2003, Belém. Abstract book. Belém: Universidade Federal do Pará, 2003. p. 142-144.

ROESNER, E. H.; LANA, C. C.; LE HÉRISSÉ, A.; MELO, J. H. G. Bacia do Rio do Peixe (PB): novos resultados biocronoestratigráficos e paleoambientais. In: CAR-VALHO, I. S.; SRIVASTAVA, N. K.; STROCHSCHOEN JR., O.; LANA, C. C. (Ed.). Paleontologia: cenários de vida, volume 3. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. p. 135-141.

SCHALLER, H. Revisão estratigráfica da Bacia de Sergipe/Alagoas. Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 21-86, jan./mar. 1969.

SOUZA-LIMA, W. Litoestratigrafia e evolução tectono-sedimentar da Bacia de Sergipe-Alagoas: o Paleozóico e o domo de Igreja Nova. Phoenix, Rio de Janeiro, v. 8, n. 93, p. 1-4, set. 2006a.

SOUZA-LIMA, W. Litoestratigrafia e evolução tectono-sedimentar da Bacia de Sergipe-Alagoas: o Paleozóico: introdução. Phoenix, Rio de Janeiro, v. 8, n. 91 p. 1-6, jul. 2006b.

SOUZA-LIMA, W. Litoestratigrafia e evolução tectono-sedimentar da Bacia de Sergipe-Alagoas: o Paleozóico: a provável seqüência siluro-devoniana. Phoenix, Rio de Janeiro, v. 8, n. 94, p. 1-4, out. 2006c.

SOUZA-LIMA, W.; FARIAS, R. M. Litoestratigrafia e evolução tectono-sedimentar da Bacia de Sergipe-Alagoas: o Paleozoico: a sequência carbonífera (I). Phoenix, Rio de Janeiro, v. 8, n. 95, p. 1-4, nov. 2006a.

SOUZA-LIMA, W.; FARIAS, R. M. Litoestratigrafia e evolução tectono-sedimentar da Bacia de Sergipe-Alagoas: o Paleozóico: a sequência carbonífera (II). Phoenix, Rio de Janeiro, v. 8, n. 96, p. 1-6, dez. 2006b.

TEIXEIRA, A. A.; MEISTER, E. M.; SCHALLER, H.; PONTES, F. C. Litoestratigrafia da Bacia de Sergipe-Alagoas: subgrupo Igreja Nova. Parte I. Petrobras/RPNE, 1968. Relatório da Comissão de Revisão Estratigráfica. Relatório interno. 46 f.

VAZ, P. T.; REZENDE, N. G. A. M.; WANDERLEY FILHO, J. R.;TRAVASSOS, W. A. S. Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 253-263, nov. 2007.

VIVIANI, J. B.; ROCHA-CAMPOS, A. C.; ERNESTO, M. Late Paleozoic glacial sedimentation in Northe-astern Brazil: new results. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 72, n. 4, p. 597-610, Dec. 2000.

Downloads

Publicado

2014-06-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

RANCAN, Cristiano Camelo; CANGUSSU, Lanamara Pinheiro; COSTA, Manoel Nabuco Chaves; SANTOS, Maria Rosilene Ferreira de Menezes; RIBAS, Nucio; PIERINI, Cristina; BEZERRA, Cláudio Petrothelle Victor; SOUZA-LIMA, Wagner; BORBA, Cláudio. Formação Karapotó – uma nova unidade estratigráfica paleozoica na Bacia de Sergipe-Alagoas. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 83–112, 2014. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/45. Acesso em: 19 set. 2024.