Modelagem estratigráfica do intervalo Cenomaniano-Turoniano, formações Açu e Jandaíra, na borda sudoeste da Bacia Potiguar
Palavras-chave:
Modelagem estratigráfica, Formação Açu, Formação Jandaíra, carbonato, siliciclástico, sequência deposicional, Bacia PotiguarResumo
Nesta pesquisa, empregou-se a modelagem estratigráfica para caracterizar a passagem da sucessão siliciclástica da Formação Açu para o sistema carbonático da Formação Jandaíra na borda sudoeste da Bacia Potiguar emersa. Para alcançar o objetivo proposto, foram identificadas cinco superfícies estratigráficas-chave, sendo três limites de sequências (LS1, LS2 e LS3) e duas superfícies de inundações máximas (SIM1 e SIM2), constituindo duas sequências deposicionais de terceira ordem: sequência 1 (inferior) e sequência 2 (superior). As simulações, utilizando-se o software Dionisos®, foram calibradas aos perfis litológicos e aos perfis de raios-gama de nove poços. O trato de sistemas transgressivo da sequência 1 foi depositado entre 95 Ma (LS1) e 93,6 Ma (SIM1) e é constituído por siliciclásticos. O trato de sistemas de mar alto da mesma sequência, depositado entre 93,6 Ma (SIM1) e 92,8 Ma (LS2), se caracteriza por sedimentação siliciclástica até 93 Ma. A partir desta idade, inicia-se a sedimentação carbonática, favorecida por uma conspícua redução do aporte siliciclástico, relacionada a uma variação climática ou supostamente a uma interação entre tectônica e clima. O trato de sistemas transgressivos da sequência 2, depositado entre 92,8 Ma (LS2) e 92 Ma (SIM2), constitui uma sedimentação mista, com predomínio de rochas carbonáticas. O trato de sistemas de mar alto, depositado entre 92 Ma (SIM2) e 91 Ma (LS3), é constituído por carbonatos, com aporte intermitente de sedimentos siliciclásticos. Os sedimentos terrígenos foram depositados em baixa taxa de sedimentação, da ordem de 40 m/Ma, até 93 Ma. Após este período, a taxa de deposição siliciclástica variou entre 0 m/Ma e 10 m/Ma, enquanto a sedimentação carbonática se desenvolveu, a par-tir de 93 Ma, a uma taxa média de 38 m/Ma. As descargas fluviais na modelagem da sequência 1 correspondem a um fluxo constante, da ordem de 520m3/s, enquanto na sequência 2 se alternam entre 150m3/s e 1.100m3/s. As descargas elevadas seriam decorrentes de chuvas torrenciais, esporádicas, que normalmente ocorrem em climas áridos, condição climática interpretada na deposição dessa sequência. Estes resultados corroboram as interpretações para este período na Bacia Potiguar, concluindo-se que esta metodologia vem a ser uma importante ferramenta para construir um modelo dinâmico de fácies em áreas de fronteira exploratória.
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