Ocorrência de vulcanismo bimodal de idade terciária na Bacia de Mucuri

Autores

  • Newton Souza Gomes Universidade Federal de Ouro Preto
  • Marcos Tadeu de Freitas Suita Universidade Federal de Ouro Preto

Palavras-chave:

bacias do Espírito Santo e Mucuri, Formação Abrolhos, rochas riolíticas e ignimbríticas, magmatismo Terciário

Resumo

Desde o século passado, são reconhecidas duas épocas distintas de atividade magmática nas bacias do Espírito Santo e Mucuri. A primeira delas, interpretada como de idade cretácica, está relacionada à abertura do Atlântico Sul e tem como registro os basaltos toleíticos da Formação Cabiúnas, de idade barremiana. A segunda e mais expressiva atividade vulcânica da bacia se instalou durante o Terciário e gerou os basaltos, descritos como de natureza alcalina da Formação Abrolhos. Estudos recentes realizados em amostras de calha oriundas de duas perfurações realizadas pela Petrobras na parte submersa da Bacia de Mucuri identificaram rochas de natureza intermediária à ácida no topo da Formação Abrolhos.  A presença de riolitos e traquitos no topo dos basaltos caracteriza um vulcanismo bimodal inédito na porção submersa da bacia. Em ambos os litotipos, a substituição dos minerais da matriz por carbonato e zeólitas foi originada, provavelmente, pela interação das rochas com a água do mar. Os dois poços amostrados distam cerca de 120km, o que permite inferir que, devido à pequena continuidade lateral característica de magmas ácidos a intermediários, ocorrências tão distanciadas devem refletir uma proximidade com os condutos vulcânicos. 
A presença de fragmentos de rochas vulcânicas na base dos calcarenitos da Formação Caravelas imediatamente sobreposta permite relacionar a extrusão dos litotipos intermediários a ácidos aos estágios finais do vulcanismo Abrolhos. Além disso, outras ocorrências de rochas riolíticas e ignimbríticas reportadas sobre o embasamento cristalino nas regiões de São Mateus, no Estado do Espírito Santo e no nordeste do Estado de Minas Gerais, em níveis intercalados nos arenitos da Formação Rio Doce no extremo sul do Estado da Bahia, poderiam ter um caráter cogenético e relacionarem-se ao crepúsculo do magmatismo terciário de Abrolhos, cuja dimensão tem sido subestimada até o presente.  Estudos geoquímicos, geocronológicos e isotópicos dessas rochas são importantes na definição da extensão do vulcanismo básico a ácido e, consequentemente, contribuirão para um melhor entendimento da evolução tectônica das bacias de Mucuri e do Espírito Santo.

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Publicado

2010-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

GOMES, Newton Souza; SUITA, Marcos Tadeu de Freitas. Ocorrência de vulcanismo bimodal de idade terciária na Bacia de Mucuri . Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 233–248, 2010. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/98. Acesso em: 19 set. 2024.