Origem e evolução estrutural do Sistema de Riftes Cenozóicos do Sudeste do Brasil

Autores

  • Pedro Victor Zalán Petrobras

Palavras-chave:

Sudeste do Brasil, riftes cenozóicos, Serra do Mar Cretácea, Superfície Japi, megaplanalto neocretáceo, intrusões alcalinas, charneira cretácea, Bacia de Santos, Bacia de Campos, aeromagnetometria de alta resolução

Resumo

A região Sudeste do Brasil não se constituiu, de forma alguma, em uma típica margem passiva tal como preconizada na visão clássica da Teoria da Tectônica de Placas. Cerca de 25 m.y. após cessado o rifteamento (134-114 Ma) iniciou-se um levantamento de natureza epirogenética da crosta continental em resposta à passagem da Placa Sul-Americana sobre uma anomalia térmica (hot spot de Trindade). Este soerguimento neocretácico (89-65 Ma) foi acompanhado de intenso magmatismo de natureza alcalina sobre crosta continental não-afinada e de natureza básica sobre crosta afinada. Entretanto, foi caracteristicamente desprovida de tectonismo. Um megaplanalto de cerca de 300 000 km2 (Serra do Mar Cretácea) foi formado durante este período e transformou-se na principal área-fonte de sedimentos coniacianos-maastrichtianos das bacias de Santos, Campos e Paraná. À medida que se alçava, seu topo era bizelado e nivelado pela erosão. Ao final de seu soerguimento, exatamente no limite Cretáceo/Terciário, uma superfície de aplainamento (Superfície Japi) nivelou-o em torno de 2 000 m em relação ao nível do mar atual. Este imenso volume de rocha soerguida possuía sua borda oriental adjacente às áreas subsidentes das bacias de Santos e Campos. Tal situação tornou-se isostaticamente instável, e o colapso gravitacional do megaplanalto em direção às áreas deprimidas iniciou-se 7 m.y. após a cessação do soerguimento. Durante boa parte do Cenozóico (58-20 Ma) a crosta continental fendeu-se e afundou-se em diversas áreas lineares formando-se corredores de grábens (riftes) paralelos à costa. O antigo limite oriental da Serra do Mar Cretácea coincide com a atual linha de charneira das bacias de Santos e Campos. Os remanescentes topográficos deste megaplanalto constituem hoje em dia as partes altas das serras do Mar e da Mantiqueira, modificadas por rebate elástico e basculamento dos blocos.

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Publicado

2005-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

ZALÁN, Pedro Victor. Origem e evolução estrutural do Sistema de Riftes Cenozóicos do Sudeste do Brasil. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 269–300, 2005. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/162. Acesso em: 20 set. 2024.