Exemplo da aplicação da estratigrafia de sequências de alta resolução no estudo de reservatórios deltaicos lacustres da Formação Pojuca, Bacia do Recôncavo (Nordeste do Brasil)
Palavras-chave:
Bacia do Recôncavo, Formação Pojuca, estratigrafia de sequências de alta resolução, reservatório, marcos elétricos, delta lacustreResumo
O presente estudo teve por objetivo reinterpretar o arcabouço estratigráfico e geocronológico das zonas operacionais Miranga e Santiago em um campo de petróleo da Bacia do Recôncavo (Bahia), mediante a técnica de estratigrafia de sequências de alta resolução. O intervalo estudado compreende as zonas de produção Miranga e Santiago, pertencentes à Formação Pojuca (Grupo Ilhas), depositado por deltas lacustres durante o Hauteriviano (Andar Aratu) na fase rifte da Bacia do Recôncavo. Esta unidade é composta por arenitos predominantemente finos, intercalados com siltitos, folhelhos e carbonatos. Algumas das seções pelíticas e carbonáticas configuram marcos grafoelétricos rastreáveis em escala de bacia (Silva, 1993). Foram realizadas análises detalhadas de testemunhos e perfis, identificação de fácies e associações de fácies, construção de seções e mapas, e interpretação das sucessões verticais, das superfícies estratigráficas e dos trends deposicionais. Foram identificadas 12 sucessões verticais (SV) de alta frequência, que representam pulsos de sedimentação deltaica que progradam sobre fácies de prodelta e lago profundo. Em seguida, foram interpretadas e nomeadas as seguintes superfícies estratigráficas: superfície de inundação máxima (SIM), superfície transgressiva com eventual ravinamento por ondas (ST), superfície de regressão máxima (SRM) e limite de sequência (LS). Esta identificação permitiu a nomeação dos tratos de sequência: trato de lago transgressivo (TSLT), trato de lago alto (TSLA) e trato de lago baixo (TSLB). Os tratos de sistema definiram 11 sequências de alta frequência e duas de menor frequência. Cada uma das sequências na alta frequência é constituída por um TSLA e sobreposta a um TSLT delgado, separados por uma SIM. A exceção fica com a primeira sequência, no topo, correspondente a dois terços superiores da Zona Miranga, onde ocorre rebaixamento do nível do lago e o registro de um trato de sistema de lago baixo (TSLB) na forma de complexos de canais amalgamados, que erodem o TSLA da sequência anterior. Em termos da menor frequência, foram identificadas a Sequência A, no topo, e a Sequência B. A Sequência A é constituída predominantemente por um TSLT, que encerra os reservatórios da Zona Santiago, cujo topo é marcado pela SIM (definida na posição do Marco 11). Entre a SIM e o LS há um TSLA que contém, além de uma espessa seção pelítica, a base da Zona Miranga. Acima do LS ocorre o TSLB da Sequência B, constituído por canais amalgamados de base erosiva, seguido de um TSLT e finalmente um TSLA. Em suma, o intervalo estudado configura um padrão retrogradacional que respeita o padrão observado por outros autores em um intervalo de maior amplitude, entre os marcos elétricos de 15 a 7 (Formação Pojuca). Este padrão é quebrado somente na base da Sequência A, onde foi interpretada uma erosão relacionada ao rebaixamento do lago. Observou-se também uma disparidade entre as sequências estratigráficas na alta frequência e o zoneamento de produção.
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