Exemplo da aplicação da estratigrafia de sequências de alta resolução no estudo de reservatórios deltaicos lacustres da Formação Pojuca, Bacia do Recôncavo (Nordeste do Brasil)

Autores

  • Michael Strugale Petrobras

Palavras-chave:

Bacia do Recôncavo, Formação Pojuca, estratigrafia de sequências de alta resolução, reservatório, marcos elétricos, delta lacustre

Resumo

 O presente estudo teve por objetivo reinterpretar o arcabouço estratigráfico e geocronológico das zonas operacionais Miranga e Santiago em um campo de petróleo da Bacia do Recôncavo (Bahia), mediante a técnica de estratigrafia de sequências de alta resolução. O intervalo estudado compreende as zonas de produção Miranga e Santiago, pertencentes à Formação Pojuca (Grupo Ilhas), depositado por deltas lacustres durante o Hauteriviano (Andar Aratu) na fase rifte da Bacia do Recôncavo. Esta unidade é composta por arenitos predominantemente finos, intercalados com siltitos, folhelhos e carbonatos. Algumas das seções pelíticas e carbonáticas configuram marcos grafoelétricos rastreáveis em escala de bacia (Silva, 1993). Foram realizadas análises detalhadas de testemunhos e perfis, identificação de fácies e associações de fácies, construção de seções e mapas, e interpretação das sucessões verticais, das superfícies estratigráficas e dos trends deposicionais. Foram identificadas 12 sucessões verticais (SV) de alta frequência, que representam pulsos de sedimentação deltaica que progradam sobre fácies de prodelta e lago profundo. Em seguida, foram interpretadas e nomeadas as seguintes superfícies estratigráficas: superfície de inundação máxima (SIM), superfície transgressiva com eventual ravinamento por ondas (ST), superfície de regressão máxima (SRM) e limite de sequência (LS). Esta identificação permitiu a nomeação dos tratos de sequência: trato de lago transgressivo (TSLT), trato de lago alto (TSLA) e trato de lago baixo (TSLB). Os tratos de sistema definiram 11 sequências de alta frequência e duas de menor frequência. Cada uma das sequências na alta frequência é constituída por um TSLA e sobreposta a um TSLT delgado, separados por uma SIM. A exceção fica com a primeira sequência, no topo, correspondente a dois terços superiores da Zona Miranga, onde ocorre rebaixamento do nível do lago e o registro de um trato de sistema de lago baixo (TSLB) na forma de complexos de canais amalgamados, que erodem o TSLA da sequência anterior. Em termos da menor frequência, foram identificadas a Sequência A, no topo, e a Sequência B. A Sequência A é constituída predominantemente por um TSLT, que encerra os reservatórios da Zona Santiago, cujo topo é marcado pela SIM (definida na posição do Marco 11). Entre a SIM e o LS há um TSLA que contém, além de uma espessa seção pelítica, a base da Zona Miranga. Acima do LS ocorre o TSLB da Sequência B, constituído por canais amalgamados de base erosiva, seguido de um TSLT e finalmente um TSLA. Em suma, o intervalo estudado configura um padrão retrogradacional que respeita o padrão observado por outros autores em um intervalo de maior amplitude, entre os marcos elétricos de 15 a 7 (Formação Pojuca). Este padrão é quebrado somente na base da Sequência A, onde foi interpretada uma erosão relacionada ao rebaixamento do lago. Observou-se também uma disparidade entre as sequências estratigráficas na alta frequência e o zoneamento de produção.

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Publicado

2014-06-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

STRUGALE, Michael. Exemplo da aplicação da estratigrafia de sequências de alta resolução no estudo de reservatórios deltaicos lacustres da Formação Pojuca, Bacia do Recôncavo (Nordeste do Brasil). Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 113–134, 2014. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/28. Acesso em: 19 set. 2024.