Geoquímica dos reservatórios carbonáticos da Formação Macaé (Eo-Meso-Albiano) nos campos de Pampo e Enchova, Bacia de Campos, Brasil

Autores

  • Luís Eduardo de Souza Robaina Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Milton Luiz Laquintinie Formoso Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Adali Ricardo Spadini Petrobras

Resumo

Os carbonatos do Macaé Inferior (Eo-Meso-Albiano) caraterizam uma deposição em um sistema de bancos (shoal) num ambiente marinho raso de águas quentes e restritas, Isso é demonstrado por dados paleontológicos e geoquímicos. Os valores 
químicos de elementos menores e traços da análise de rocha total são similares aos apresentados por sedimentos originados em plataformas marinhas rasas. Também os valores de isótopos de oxigênio e carbono são característicos de sedimentos depositados em águas marinhas rasas e quentes. Um ambiente restrito, com salinidade elevada, é sugerido pela baixa diversidade de foraminíferos e pelos elevados valores de álcalis e cloro em rocha total. O conteúdo de ÕC13, ao redor de +4, reforça essa idéia. As condições de recdox foram analisadas por meio do comportamento do Ce, cujos valores, levemente empobrecidos a não-empobrecidos com relação ao La Q Nd, caracterizam condições de redox diferentes das atuais. Isto é interpretado como uma caracterlstica a do mar restrito de Macaé, com pouca circulação oceânica. A distribuição dos TAL com relação aos TAP caracterizam urna baixa e homogênea contribuição continental. Assim,  sugere-se baixos intemperismo continental e conteúdo de matéria orgânica no continente na época da deposição. Os carbonatos da Formação Macaé depositaram-se em ambiente marinho. iniciando aí sua história diagenética. Os grãos aloqulmicos sofreram intensa micritização. causada provavelmente por algas. A cimentação ocorre como franja fibrosa em torno dos grãos. Dados de microssonda mostram um significante conteúdo de magnésio e ausência de estrôncio, sugerindo um precursor de calcita magnesiana para esse cimento. A passagem por um ambiente freático meteórico é marcada por uma completa transformação mineralógica, onde os 
sedimentos originalmente formados por aragonita e calcita magnesiana se transformaram em rochas exclusivamente calcíticas. Nesse ambiente, ocorreu neornorfismo, cimenlação sintaxial em restos de equinóides e, possivelmente, franja romboédrica em lama dos grãos. Esse hábito rômbico dos cristais da franja sugere uma origem em ambiente de baixa salinidade. A contínua cimentação em zona freática meteórica pode transformar em mosaico a franja que preenche os poros. Quimicamente, a passagem da franja romboédrica para o mosaico, devido ao maior tempo de permanência do fluido diagenético. pode ser indicada por valores semelhantes de elementos menores, e traços da franja e do mosaico. Os valores menos positivos de ÕC13 e mais negativos de 8018, além do baixo conteúdo de Sr das amostras do Campo de Enchova, indicam uma maior exposição em ambiente meteórico. No âmbito da mesodiagênese, a compactação química, a dissolução e a cimentação de fraturas são processos importantes. A doJomitização deve estar associada a soluções salinas.

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Publicado

1993-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

ROBAINA, Luís Eduardo de Souza; FORMOSO, Milton Luiz Laquintinie; SPADINI, Adali Ricardo. Geoquímica dos reservatórios carbonáticos da Formação Macaé (Eo-Meso-Albiano) nos campos de Pampo e Enchova, Bacia de Campos, Brasil . Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1-4, p. 103–133, 1993. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/311. Acesso em: 20 set. 2024.