Sedimentação vulcanoclástica do Cretáceo Superior da Bacia de Campos, Sudeste do Brasil
Palavras-chave:
bentonita, cinza vulcânica, marco estratigráfico, Bacia de Campos, Cretáceo SuperiorResumo
Durante o Neocretáceo, a presença de um ou mais vulcões altamente explosivos (plinianos), localizados nas adjacências da Bacia de Campos, afetou signi-ficativamente o registro sedimentar desta região. Esta influência se fez sentir, de maneira intermitente, desde o Neoconiaciano até o Maastrichtiano, de duas maneiras principais: pelo aporte de vulcanoclastos intercalados à sedimentação marinha contemporâ-nea; e pela ação dos sismos e terremotos associados que favoreceram o disparo de correntes de turbidez e ocasionaram deformações nos estratos com sedimen-tos já assentados. Os vulcanoclastos liberados por estes vulcões possuíam vidro vulcânico com composição equivalente a traquito, mostrando-se enriquecidos em elementos-traços incompatíveis e em elementos terras raras leves. Podem, portanto, ser diferenciados facilmente dos materiais produzidos pelos estratos-vulcões da Formação Cabiúnas (Cretáceo Inferior), os quais são compostos por rochas ígneas básicas toleíticas. A deposição dos vulcanoclastos de composição traquítica originou dois marcos estrati-gráficos de grande importância na Bacia de Campos:o Marco “3-Dedos” e o Marco “3B”. O estudo químico, mineralógico e petrográfico destes horizontes mostra que, apesar de representarem fácies deposicionais distintas (queda de cinza e retrabalhamento, respectivamente), suas rochas se formaram a partir de vulcanoclastos produzidos pelo mesmo tipo de vulcões, representando, portanto, feições de um mesmo processo geológico.