Turbiditos da Formação Urucutuca na Bacia de Almada, Bahia: um laboratório de campo para estudo de reservatórios canalizados

Autores

  • Carlos Henrique Lima Bruhn Petrobras
  • Marco Antônio Schreiner Moraes Petrobras

Palavras-chave:

Bacia de Almada, turbiditos areno-­conglomeráticos

Resumo

Na porção emersa da Bacia de Almada, afiaram turbiditos areno-­conglomeráticos e folhelhos ricos em foraminíferos planctônicos do Campaniano/ Maestrichtiano, que definem litoestratigraficamente a Formação Urucutuca. Estas rochas compõem uma parte exumada da seção de preenchimento do Canyon de Almada, uma grande feição erosiva de idade pós-cenomaniana, que é bem definida sismicamente na porção marítima da bacia. A erosão diferencial entre os depósitos grosseiros (que formam cristas sinuosas e alongadas) e as fácies mais finas envolventes (áreas planas e rebaixadas quase ao nível do mar) permitiu o uso de fotografias aéreas para o estudo em planta dos turbiditos analizados. Os canais individuais são assimétricos, têm baixa sinuosidade ( 1, 1-1 ,3) e apresentam orientações diversas. O conjunto de canais como um todo, porém, está restrito a uma faixa alongada bem definida, com largura de 1,5 km e a mesma orientação de um dos talvegues principais do Canyon de Almada. Os canais turbidíticos da Bacia de Almada têm entre 30 e 380 m de largura, e comprimento variando entre 250 e 1 650 m. Foram preenchidos preferencialmente por conglomerados seixosos (polimíticos) maciços, conglomerados intradásticos e arenitos grosseiros a muito grosseiros, maciços ou, subordinadamente, estratificados. Folhelhos, arenitos centimétricos com seqüência de Bouma, diamictitos, depósitos de slumps e folhelhos com diques de areia constituem fácies intercanal (incluindo diques marginais). A associação de excelentes afloramentos com a possibilidade do mapeamento em planta dos canais com fotografias aéreas faz com que a seção aflorante da Formação Urucutuca na Bacia de Almada constitua um laboratório de campo para o estudo da geometria externa e heterogeneidades internas de reservatórios turbidíticos, mais especificamente, dos complexos de canais. Nestes sistemas, cujos representantes do registro antigo ainda estão pobremente descritos na literatura, praticamente a totalidade dos elásticos grosseiros que aportam ao sitio deposicional acumulam-se em canais, sem o desenvolvimento dos lobos deposicionais conspícuos aos modelos clássicos de leques submarinos.

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Publicado

1989-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

BRUHN, Carlos Henrique Lima; MORAES, Marco Antônio Schreiner. Turbiditos da Formação Urucutuca na Bacia de Almada, Bahia: um laboratório de campo para estudo de reservatórios canalizados. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, p. 235–267, 1989. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/599. Acesso em: 20 set. 2024.