Inversão de falhas: conceitos, importância nos sistemas petrolíferos e estudo de caso na região de Río Guanaco, Bacia Austral, Argentina

Resumo

A inversão de falhas pode ser positiva, quando o resultado final é de soerguimento, e negativa, quando há subsidência. A inversão positiva tem importante papel para o sistema petrolífero, na formação de trapas e na criação de rotas de migração. A inversão é condicionada pela orientação da falha em relação ao novo campo de tensões e pelos parâmetros mecânicos da rocha de falha. Os tipos geométricos na inversão positiva são (i) falhas individuais reativadas, produzindo feições em arpão; (ii) falhas mestras e falhas conjugadas reativadas (falhas de rompimento da capa, falhas de atalho, estruturas pop-up e push-up) e (iii) falhas contracionais que interrompem falhas distensionais. Na inversão negativa, rampas de sistemas de empurrões são parcialmente reativadas como falhas distensionais. Exemplos de inversão positiva condicionando sistemas petrolíferos são encontrados nas bacias andinas austrais (Cuyana, Neuquén, San Jorge, Malvinas e Austral – Magallanes), em função de sua história distensiva durante a ruptura do Gonduana e a posterior compressão da tectônica andina. Campos de hidrocarbonetos dessas bacias possuem trapas em anticlinais de propagação de falhas e push-ups. A propagação para cima de falhas em inversão também favoreceu a criação de rotas de migração. Apresenta-se um estudo de caso da região de Río Guanaco (Bacia Austral, Argentina), onde feições de inversão positiva são mostradas tanto em afloramento quanto na sísmica 2D. Em afloramento, verifica-se a ocorrência de falhas distensionais com inversão positiva seletiva na forma de deslizamento reverso ao longo da superfície principal ou de falhas conjugadas. Em sísmica, a maioria das falhas invertidas teve a contração distribuída em uma rede de falhas conjugadas, produzindo push-ups. A reativação por meio de falhas inversas conjugadas é a forma mais comum de inversão na área de estudo e ocorre pelo travamento friccional na superfície da falha principal, em função da competência da seção sin-rifte e do ângulo de mergulho alto (cerca de 65º). Quando a reativação ocorre na superfície principal, ela é atribuída tanto a ângulos de mergulho mais suaves como a coeficientes de fricção mais baixos na zona da falha.