Sistemas subaquosos alimentados por fluxos hiperpicnais glaciogênicos: modelo deposicional para arenitos do Grupo Itararé, Permocarbonífero da Bacia do Paraná

Resumo

O Grupo Itararé representa a porção basal da sequencia permocarbonífera da Bacia do Paraná e caracteriza-se por apresentar forte influência glacial na sedimentação. Arenitos da unidade são reservatórios para gás gerado em folhelhos marinhos devonianos. Em termos regionais, o arcabouço estratigráfico comporta múltiplas sequências limitadas por discordâncias, cujos estratos depositaram-se em ambiente essencialmente glácio-marinho durante fases de deglaciação. Na metade inferior de cada sequência aparecem espessas sucessões arenosas com padrão de granodecrescência ascendente retrogradacional, representando trato de sistemas de deglaciação. A análise detalhada desses arenitos em afloramentos do flanco leste da bacia permitiu a individualização de onze fácies, que incluem desde conglomerados a arenitos finos, maciços, com gradação normal/inversa ou com estratificação. Conglomerados desorganizados, maciços ou gradados, e arenitos com estratificação cruzada representam as porções proximais do trato de fácies e foram depositados em leques proglaciais subaquosos (outwash) por fluxos de densidade hiperconcentrados a concentrados e correntes tracionais. Esses fluxos evoluíram para correntes de turbidez que depositaram arenitos turbidíticos tabulares estratificados, maciços ou gradados na por-ção mais distal. Correntes de longa duração em regime crescente e/ou decrescente depositaram arenitos com laminação cruzada cavalgante e laminação plano-paralela. Essas características são típicas de hiperpicnitos e evidenciam que fluxos hiperpicnais oriundos do degelo foram o principal mecanismo desencadeador das correntes de turbidez no Grupo Itararé.