Idade da Formação da Serra dos Martins, Planalto da Borborema, Nordeste do Brasil: análise de traços de fissão em apatita e zircão
Palavras-chave:
Formação Serra do Martins, análise de traços de fissão em apatita e zircão, paleotemperatura, Bacia PotiguarResumo
Resultados da análise de traços de fissão em apatita (AFTA) e zircão (ZFTA) em arenitos do platô da Serra de Santana possibilitaram o estabelecimento da idade máxima de deposição da Formação Serra do Martins, unidade afossilífera que ocorre como remanescentes sedimentares sobre o Planalto da Borborema. Também são apresentados resultados de traços de fissão em apatitas em sedimentos pós-rifte da Bacia Potiguar emersa (formações Açu e Tibau). AFTA em três amostras da Formação Serra do Martins sugere que tais sedimentos estiveram submetidos a temperaturas máximas na faixa de 60°C, a partir das quais começaram a resfriar entre 30 e 0 Ma. Devido aos elevados gradientes geotérmicos relacionados ao vulcanismo Cenozóico na Bacia Potiguar e adjacências, as paleotemperaturas modeladas nessas amostras são atribuídas a um fluxo térmico anômalo, ao invés de representarem o efeito de paleossoterramento do platô sedimentar. ZFTA em duas amostras da Formação Serra do Martins forneceu idades de 135±18 Ma e 165±40 Ma. No entanto, ambas as amostras apresentam um significativo espalhamento nos dados, e populações de zircões mais jovens, com idades de 83±5 Ma e 64±5 Ma, respectivamente, podem ser individualizadas. Como os dados das apatitas mostram que tais idades não foram “resetadas” após a deposição dos sedimentos, as mesmas representam idades de proveniência, indicando que a Formação Serra do Martins não deve ser anterior ao Paleoceno. Informações independentes também possibilitam descartar a correlação estratigráfica entre as formações Serra do Martins e Açu. Considerando os resultados AFTA e ZFTA, e integrando-os com outras evidências geológicas, sugere-se que a Formação Serra do Martins foi depositada entre 64 e 25 Ma (intervalo Paleoceno – Oligoceno). A história térmica modelada para as amostras da Formação Serra do Martins sugere um evento de resfriamento durante o Neocretáceo/Eopaleogeno, interpretado como exumação da área fonte, cuja erosão forneceu os clásticos que foram depositados sobre uma extensa superfície de aplainamento regional – a Superfície da Borborema.
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