Ocorrência de rochas vulcânicas ignimbríticas na porção norte da Bacia do Espírito Santo: evolução do modelo tectono-sedimentar

Resumo

A proposição do presente trabalho é relatar a existência de rochas vulcanoclásticas ignimbríticas na porção terrestre norte da Bacia do Espírito Santo e avaliar seu significado na evolução tectono-sedimentar da bacia. A pesquisa de campo revelou a ocorrência de ignimbritos e rochas piroclásticas de composição riolítica a dacítica em uma zona transcorrente de direções NNW-SSE a NW-SE, denominada aqui como Alinhamento São Mateus ou Arco de São Mateus. Os piroclásticos ignimbríticos, examinados em afloramentos, estendem-se ao longo do Rio São Mateus por mais de 10km e com mais de 50m de espessura. As seqüências sedimentares e vulcanoclásticas, compostas de camadas tabulares geralmente horizontais, foram originalmente mapeadas como parte da sequência fluvio-lacustrina siliciclástica da Formação Rio Doce, de idade terciária, sem atentar-se parar sua natureza parcialmente vulcanoclástica. As observações microscópicas sugerem fenocristais de quartzo da fase alfa, idiomórficos e fragmentados, embutidos em matriz zeolítica-argilosa produzida por alterações hidrotermais. A forma fragmentada dos fenocristais aponta atividade vulcânica explosiva; o aumento da granulometria para oeste indica que os centros eruptivos estavam nessa porção, para além da área examinada. A descrição de rochas piroclásticas, na porção aflorante da bacia, representa um avanço importante no entendimento da evolução tectono-estrutural, contribuindo para uma revisão da coluna estratigráfica.