Oscilações paleobatimétricas de alta frequência induzidas por ciclos orbitais na Bacia de Campos
Resumo
Um estudo integrado de cicloestratigrafia, paleoecologia e bioestratigrafia foi desenvolvido em depósitos sedimentares rítmicos do Oligo-Mioceno da Bacia de Campos, Brasil. Os dados bioestratigraficos, combinados com a análise espectral de séries numéricas representativas das variações do conteúdo de carbonato de cálcio dos testemunhos do poço A, revelam a existência de padrões cíclicos de frequências compatíveis com os ciclos de Milankovitch. Oscilações cíclicas nas biofácies de foraminíferos bentônicos reconhecidas nestes testemunhos possuem a mesma frequência e fase dos ciclos de excentricidade longa (400 Ka). Embora mudanças paleoceanográficas (como alterações nas correntes oceânicas, temperatura das águas e suprimento de nutrientes) possam modificar os padrões de distribuição e frequência das associações de foraminíferos, a metodologia empregada na interpretação das biofácies, o contexto geológico da área estudada e o modelo genético proposto para a formação destas rochas com padrão rítmico sugerem que as alterações nas biofácies de foraminíferos bentônicos estão diretamente relacionadas às flutuações paleobatimétricas induzidas por oscilações glacio- eustáticas do nível relativo do mar. De acordo com o modelo proposto para a formação dos pares de marga-carbonato, ciclos de produtividade e diluição foram determinantes. Em períodos regressivos, o recuo da linha de costa em direção ao oceano favoreceu um aporte maior de argila nas áreas batiais, fazendo com que o aumento do volume de terrígenos inibisse a produção de carbonato pelágico (foraminíferos planctônicos e nanofósseis calcários), criando condições propícias para a deposição das margas. Durante a fase transgressiva, o aporte de sedimentos continentais foi relativamente menor, favorecendo o aumento da produtividade de carbonato pelágico e a redução do teor de argila, formando as camadas de carbonato. Observa-se, também, que as variações paleobatimétricas interpretadas a partir dos dados de foraminíferos estão em fase com os ciclos transgressivos-regressivos, sugerindo uma causa comum tanto para a formação dos pares marga-carbonato como para as oscilações paleobatimétricas registradas pelas biofácies.