Oscilações paleobatimétricas de alta frequência induzidas por ciclos orbitais na Bacia de Campos

Autores

  • Valquíria Porfírio Barbosa Universidade Federal do Amazonas
  • Armando Antonio Scarparo Cunha Petrobras
  • Seirin Shimabukuro Petrobras
  • Luiz Antônio Pierantoni Gamboa Universidade Federal Fluminense

Resumo

Um estudo integrado de cicloestratigrafia, paleoecologia e bioestratigrafia foi desenvolvido em depósitos sedimentares rítmicos do Oligo-Mioceno da Bacia de Campos, Brasil. Os dados bioestratigraficos, combinados com a análise espectral de séries numéricas representativas das variações do conteúdo de carbonato de cálcio dos testemunhos do poço A, revelam a existência de padrões cíclicos de frequências compatíveis com os ciclos de Milankovitch. Oscilações cíclicas nas biofácies de foraminíferos bentônicos  reconhecidas nestes testemunhos possuem a mesma frequência e fase dos ciclos de excentricidade longa (400 Ka). Embora mudanças paleoceanográficas (como alterações nas correntes oceânicas, temperatura das águas e suprimento de nutrientes) possam modificar os padrões de distribuição e frequência das associações de foraminíferos, a metodologia empregada na interpretação das biofácies, o contexto geológico da área estudada e o modelo genético proposto para a formação destas rochas com padrão rítmico sugerem que as alterações nas biofácies de foraminíferos  bentônicos estão diretamente relacionadas às flutuações paleobatimétricas induzidas por oscilações glacio- eustáticas do nível relativo do mar. De acordo com o modelo proposto para a formação dos pares de marga-carbonato, ciclos de produtividade e diluição foram determinantes. Em períodos regressivos, o recuo da linha de costa em direção ao oceano favoreceu um aporte maior de argila nas áreas batiais, fazendo com que o aumento do volume de terrígenos inibisse a produção de carbonato pelágico (foraminíferos planctônicos e nanofósseis calcários), criando condições propícias para a deposição das margas. Durante a fase transgressiva, o aporte de sedimentos continentais foi relativamente menor, favorecendo o aumento da produtividade de carbonato pelágico e a redução do teor de argila, formando as camadas de carbonato. Observa-se, também, que as variações paleobatimétricas interpretadas a partir dos dados de foraminíferos estão em fase com os ciclos transgressivos-regressivos, sugerindo uma causa comum tanto para a formação dos pares marga-carbonato como para as oscilações paleobatimétricas registradas pelas biofácies.

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Publicado

2010-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

BARBOSA, Valquíria Porfírio; CUNHA, Armando Antonio Scarparo; SHIMABUKURO, Seirin; GAMBOA, Luiz Antônio Pierantoni. Oscilações paleobatimétricas de alta frequência induzidas por ciclos orbitais na Bacia de Campos. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 291–312, 2010. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/91. Acesso em: 20 set. 2024.