Caracterização faciológica e paleoambiental de estromatólitos da Formação Codó (Aptiano da Bacia do Parnaíba): uma nova abordagem metodológica

Autores

  • Ana Paula Pires Coura Petrobras
  • Leonardo Borghi Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

microbial, estromatólitos, Formação Codó

Resumo

Este trabalho apresenta uma abordagem faciológica acerca dos microbialitos da Formação Codó, Bacia do Parnaíba, permitindo uma discussão paleoambiental do sistema lacustre hipersalino, sugerido pela literatura. Propõe-se para este estudo uma definição para fácies estromatolíticas como uma massa de sedimento ou de rocha sedimentar caracterizada e distinguida das demais pelo morfotipo, estrutura e microtextura microbiais. A essa definição podem ainda ser adicionados outros atributos, como litologia (mineralogia), cor, fósseis associados e trama (organização espacial). Foram descritas, nas escalas macro- e microscópicas, quatro fácies estromatolíticas, compostas mineralogicamente por calcita. A partir dessas fácies foi possível interpretar distintamente, além dos parâmetros ambientais, como salinidade, energia, estabilidade do substrato e lâmina d’água, a sismicidade como um importante mecanismo condicionante para a configuração das fácies estromatolíticas. Cinco outras fácies associadas aos estromatólitos também foram descritas. Análises de DRX mostraram que a suces-são de folhelhos é composta, mineralogicamente, pela predominância do grupo das montmorillonitas, com aporte de diferentes micas, como muscovita, vermiculita e, minoritariamente, biotita. Os eventos diagenéticos foram mais bem identificados com uso da técnica de epifluorescência, que se mostrou bastante eficaz na identificação da textura pretérita da rocha. Outras técnicas utilizadas são: (a) análise de COT dos folhelhos e (b) análise de palinofácies.

Referências

ALTERMANN, W. Biosignatures: morphological biosignatures accretion, trapping and binding of sediment in archean stromatolites - morphological expression of the antiquity of Life. Journal space science reviews, New York, v. 135, n. 1-4, p. 55-79, 2008.

ANDRES, M. S.; REID, R. P. Growth morphologies of modern marine stromatolites: a case study from Highborne Cay, Bahamas. Sedimentary geology, Amsterdam, v. 185, p. 319-328, Mar. 2006.

ANTONIOLI, L. Estudo palino-cronoestratigráfico da Formação Codó-Cretáceo inferior do Nordeste Brasileiro. 2001. 192 f. Tese (Doutorado) – Pós-graduação em Geologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.

ARAI, M. Paleogeografia do Atlântico Sul no aptiano: um novo modelo a partir de dados micropaleontológicos recentes. Boletim de geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 331-351, 2011.

ARAI, M. Aptian/Albian (Early Cretaceous) paleo-geography of the South Atlantic: a paleontological perspective. Brazilian journal of Geology, São Paulo, v. 44, n. 2, p. 339-350, Jun. 2014.

ARENAS, C.; POMAR, L. Microbial deposits in upper Miocene carbonates, Mallorca, Spain. Palaeogeography, palaeoclimatology, palaeoecology, Amsterdam, v. 297, p. 465-485, Nov. 2010.

AWRAMIK, S.; MARGULIS, L. Definition of stromatolite. Stromatolite newsletter, Canberra, v. 2, p. 1-5, 1974.

AWRAMICK, S. M.; MARGULIS, L.; BARGHOORN, E. S. Evolutionary processes in the formation of stromatolites. In: Walter, M.R. (Ed.). Stromatolites. Amsterdam: Elsevier, 1976. p. 149-162. (Developments in Sedimentology, 20).

BAHNIUK, A.; ANJOS, S. Development of microbial carbonates in the Lower Cretaceous Codó Formation (north-east Brazil): implications for interpretation of microbialite facies associations and palaeoenvironmental conditions. Sedimentology,nov. 2014. Disponível em: <http://doi.org.10/1111/sed. 12144>. Acesso em: nov. 2014.

BARROS, J. P. P. Caracterização dos esferulitos carbonáticos da Formação Codó (aptiano, Bacia do Parnaíba), em afloramentos da Região de Codó (MA). 2012. 118 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2012.

BORGHI, L. Visão geral da análise de fácies sedimentares do ponto de vista da arquitetura deposicional. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, n. 53, p. 1-26, 2000.

BURNE, R. V.; MOORE L. Microbialites: organosedimentary deposits of benthic microbial communities. Palaios, Tulsa, v. 2, p. 241-254, 1987.

BURNS, B. P. ; GOH, F. ALLEN, M. ; NEILAN, B.A. Microbial diversity of extant stromatolites in the hypersaline marine environment of Shark Bay, Australia. Environmental microbiology, Oxford, v. 6, n. 10, p. 1096-1101, 2004.

CHAFETZ, H. S.; GUIDRY, S. A. Bacterial shrubs, crystal shrubs, and ray-crystal crusts: bacterially induced vs abiotic mineral precipitation. Sedimentary geology, Amsterdam, v. 126, p. 57-74, 1999.

COURA, A. P. P. Caracterização Faciológica e Paleoambiental de Estromatólitos da Formação Codó (Aptiano, Bacia do Parnaíba). 2011. 95 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2011.

DAVAUD, E.; STRASSER, A.; JEDOUI, Y. Stromatolite and Serpulid bioherms in a holocene restricted lagoon (Sabkha El Melah, Southeastern Tunisia). In: BERTRAND-SARFATI, J.; MONTY, C. (Ed.). Phanerozoic stromatolites II. [S.l.]: Kluwer Academic Publishers, 1994. p. 131-151.

DUNHAM, R. J. Classification of carbonate rocks according to depositional texture. In: HAMM, W. E. (Ed.). Classification of carbonate rocks - a symposium. Tulsa: American Association of Petroleum Geologists, 1962. p. 108-121

EMBRY, A. F.; KLOVAN, J. E. A late Devonian reef tract on Northeastern Banks Island, NWT. Bulletin of Canadian Petroleum Geology, Calgary, v. 9, p. 730-781, 1971.

GERDES, G.; KRUMBEIN, W. Peritidal potencial stromatolites - a synopsis. In: BERTRAND-SARFA-TI, J.; MONTY (Ed.). Phanerozoic stromatolites II. Houten: Springer, 1994. p. 101-129

GONÇALVES, D. F.; ROSSETTI, D. F.; TRUCKEN-BRODT, W.; MENDES, A. C. Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior), Bacia de Grajaú, Nordeste do Brasil. Latin American Journal of Sedimentology and Basin Analysis, v. 13, n. 1, p. 59-75, Jul. 2006.

GREY. K. Handbook for the study of stromatolites and associated structures. Stromatolites newsletter, Canberra, v. 14, p. 82-171, 1989.

GROTZINGER, J. P. Facies and evolution of Precambrian carbonate depositional systems: emergence of the modern platform archetype. In: CREVELO, P. D.; Wilson, J. L.; SARG, J. F.; READ, J. F. (Ed.). Controls on carbonate platforms and basin development. Tulsa: SEPM, 1989. p. 79-109. (Special Publication of Society of Economic Paleontologists and Mineralogists, 44)

GRÖTZINGER, J. P.; KNOLL, A. H. Stromatolites in precambrian carbonates: evolutionary Mileposts or Environmental Dipsticks? Annual Review of Earth and Planetary Sciences, v. 27, p. 313-358, 1999.

GROTZINGER, J. P. Facies and paleoenvironmental setting of Thrombolite-Stromatolite Reefs, Terminal Proterozoic Nama Group (ca. 550-543 Ma), central and southern Namibia. Communications of the Geological Survey of Namibia, Windhoek, v. 12, p. 251-264, 2000.

HOFFMAN, H. J. Attributes of stromatolites and Riphean stromatolite stratigraphy. Geological Survey of Canada, Ottawa, v. 39, p. 58-69, 1969.

HOFFMAN, P. Shallow and Deepwater Stromatolites in lower Proterozoic Plataform-to-basin Facies Change, Great Slave Lake. American Association of Petroleum Geologists Bulletin, Tulsa, v. 58, n. 4, p. 856-867, 1974.

JOHNSON, J.; GROTZINGER, J. P. Affect of sedimentation on stromatolite reef Ggrowth and Morphology, Ediacaran Omkyk Member (Nama Group). South African Journal of Geology, Windhoek, v. 109, p. 87-96, 2006.

KALKOWSKY, E. Oolith und Stromatolith im norddeutschen Buntsandstein. Zeitschrift der Deutschen Geologischen Gesellschaft, Stuttgart, v. 60, p. 68-125, 1908.

KERSHAW, S. Classification and geological significance of biostromes. Facies, Bogotá, v. 31, n. 1, p. 81-91, 1994.

KRYLOV. I. N. Approches to the classification of stromatolites. In: WALTER, M. R. (Ed.). Stromatoli-tes. Amsterdam: Elsevier, 1976. p. 31-43. (Developments in Sedimentology, 20).

KRUMBEIN, W. E. Stromatolites - the challenge of a term in space and time. Precambrian research, Amsterdam, n. 20, p. 493-531, 1983.

LEINFELDER, R. R.; SCHIMD, D. U. Mesozoic reefal thrombolites and other microbolites. In: RIDING, R. E.; AWRAMIK, S. M. (Ed.). Microbial sediments. Berlin: Springer, 2000. p. 289-294.

LIMA, M. R. Palinologia da Formação Codó na região de Codó, Maranhão. Boletim do Instituto de Geociências da USP, São Paulo, v. 13, p. 116-128, dez. 1982.

LIMA, M. R. Estudo Palinológico das Camadas Nova Iorque, Terciário do estado do Maranhão, Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA, 12., 1991, São Paulo. Resumos... São Paulo: Sociedade Brasileira de Paleontologia, 1991. p. 45.

LOGAN, B. W.; REZAK, R.; GINSBURG, R. N. Classification and enviromental significance of algal stromatolites. The Journal of Geology, Chicago, v. 72, n. 1, p. 68-83, Jan. 1964.

MARTÍN-CHIVELET, J.; PALMA, R. M.; LÓPEZ-GO-MEZ, J.; KIETZMANN, D. A. Earthquake induced soft-sediment deformation structures in Upper Jurassic open-marine microbialites (Neuquén Basin, Argentina). Sedimentary geology, Amsterdam, v. 235, p. 210-221, Apr. 2011.

McLANE, M. Sedimentology. New York: Oxford University Press, 1995. 423 p.

MENDES, M. S.; BORGHI, L. Análise faciológica da Formação Codó (Cretáceo, Bacia do Parnaíba) em testemunhos de sondagem. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE P&D EM ÓLEO E GÁS, 3., 2005, Salvador. Resumos... Salvador: Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, 2005. p. 1-6.

MENDES. M. Análise estratigráfica do intervalo Formacional Grajaú-Codó (aptiano) da Bacia do Parnaíba, NE do Brasil. 2007. 146 f. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

MOURA, M. V. Análise estratigráfica do andar Alagoas na borda leste da Bacia do Araripe. 2007. 74 f. Dissertação (Mestrado em Geociências) - Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

NEVES, I. A. Caracterização da faciologia orgânica de uma seção sedimentar da Formação Codó, Bacia do Parnaíba, 2007. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

ONASCH, C. M.; KAHLE, C. F. Seismically induced soft-sediment deformation in some Silurian carbonates, eastern U.S. Midcontinent. In: ETTENSOHN, F. R.; RAST, N.; BRETT, C. E. (Ed.). Ancient Seismites. Boulder: The Geological Society of America, 2002. p. 165-176. (Special Paper, 359).

PAULA FREITAS, A. B. L. Análise estratigráfica do intervalo siliciclástico aptiano da bacia do Araripe (Formação Rio da Batateira). 2010, 9 f. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

PAZ, J. D. S.; ROSSETTI, D. F. Reconstrução paleoambiental da Formação Codó (Aptiano), borda leste da Bacia do Grajaú, MA. In: ROSSETTI, D. F.; GÓES, A.M.; TRUCKENBRODT, W. (Ed.). O Cretáceo na Bacia de São Luís-Grajaú. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2001. p. 77-100. (Coleção Friedrich Katzer).

PAZ, J. D. S.; ROSSETTI, D. F. Integrated facies and isotope analysis of the Codó Formation (Aptian, Northern Brazil) as a key for reconstructing lake paleohydrology. In: SOUTH AMERICAN SYMPO-SIUM ON ISOTOPE GEOLOGY, 4., 2003, Salvador. Resumos… Salvador: Sociedade Brasileira de Geologia/UERJ, 2003. 1 CD-ROM.

PAZ, J. D. S.; ROSSETTI, D. F. Linking lacustrine cycles with syn-sedimentary tectonic episodes: an example from the Codó Formation (late Aptian), Northeastern. Geological Magazine, London, v. 142, n. 3, p. 269-285, May. 2005.

PREISS, W. V. The systematics of South Australian Precambrian and Cambrian stromatolites. Transactions of The Royal Society of South Australia, Adelaide, n. 90, p. 67-100, 1972.

PREISS, W. V. The biostratrgraphic potencial of Precambrian stromatolites. Precambrian Research, Amsterdam, v. 5, n. 2, p. 207-219, 1977.

RAABEN, M. E. Dimensional parameters of colunar stromatolites as a result of stromatolite ecosystem evolution. Stratigraphy and geological correlation, Moscow, v. 14, n. 2, p.150-163, 2006.

RIDING, R. The nature of stromatolites: 3,500 million years of history and a century of research. In: REITNER, J.; QUÉRIC, N-V.; ARP, G. Advances in stro-matolite geobiology. Heidelberg: Springer, 2011. p. 29-74. (Lecture Notes in Earth Sciences, 131).

ROSSETTI, D. F.; GÓES, A. M. Deciphering the sedimentological imprint of paleoseismic events: an exemple from the aptian Codó Formation, northern Brazil. Sedimentary geology, Amsterdam, v. 135, p. 137-156, Sept. 2000.

ROSSETTI, D. F.; GÓES, A. M.; TRUCKENBRODT, W. (Ed.). O Cretáceo na Bacia de São Luís-Grajaú. Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi, 2001. 264 p.

ROSSETTI, D. F.; PAZ, J. D. S.; GÓES, A. M. Fácies analysis of the Codó Formation (Late Aptian) in the Grajaú Área, Southern São Luís-Grajaú Basin. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 76, n. 4, p. 791-806, 2004.

SEMIKHATOV, M. A. ; GEBELEIN, C. D. ; Cloud P. E. ; AWRAMIK, S. M. ; BENMORE, W. C. Stromatolite morphogenesis - progress and problems. Canadian Journal of Earth Sciences, Ottawa, v. 16, n. 5, p. 992-1015, 1979.

SEMIKHATOV, M. A.; RAABEN, M. E. Proterozoic stromatolite taxonomy and biostratigraphy. In: RI-DING, R. E.; AWRAMIK, S. M. Microbial Sediments. Berlin: Springer-Verlag, 2000. p. 295-306.

SHAPIRO, R. S. A Comment on the systematic confusion of thrombolites. Palaios, Tulsa, v. 15, n. 2, p. 166-169, Apr. 2000.

SCHOLZ, C. A.; ROSENDAHL, B. R.; SCOTT, D. L. Development of coarse grained facies in lacustrine rift basins: examples from East Africa. Geology, Boulder, v. 18, n. 2, p. 140-144, 1990.

SRIVASTAVA, N. K. Estromatólitos. In: CARVALHO, I. S. (Ed.). Paleontologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2010. p. 229-259.

STOLZ, J. F. Structure of microbial mats and bio-films. In: RIDING, R. E.; AWRAMIK, S. M. (Ed.). Microbial Sediments. Heidelberg: Spriger-Verlag, 2000. p. 1-8.

VAZ, P.T.; REZENDE, N. G. A. M.; WANDERLEY FILHO, J. R.; TRAVASSOS, W. A. S. Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 253-263, 2007.

YANAMOTO, A., LEE, K.; ISOZAKI, Y. Lower Cretaceous stromatolites in far East Asia: examples in Japan and Korea. In: TEWARI, V. C.;

SECKBACH, J. (Ed.). Stromatolites: interaction of microbes with sediments, 2011. p. 273-287. (Cellular origin life in extreme habitats and astrobiology, 18).

WALTER, M. R. (Ed.). Stromatolites. Amsterdam: Elsevier, 1976. 790 p. (Developments in Sedimen-tology, 20).

WALTER, M. R. Interpreting stromatolites. American scientist, New Haven, v. 65, n. 5, p. 563-571, 1977.

WRIGHT, V. P. Peritidal carbonate facies models: a review. Geological journal, Sussex, v. 19, n. 4, p. 309-325, 1984.

Downloads

Publicado

2014-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

COURA, Ana Paula Pires; BORGHI , Leonardo. Caracterização faciológica e paleoambiental de estromatólitos da Formação Codó (Aptiano da Bacia do Parnaíba): uma nova abordagem metodológica . Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 313–332, 2014. Disponível em: https://bgp.petrobras.com.br/bgp/article/view/35. Acesso em: 19 set. 2024.