Análise paleobiocenótica de foraminíferos bentônicos do Cretáceo superior da Bacia de Sergipe pelo método Braun-Blanquet

Resumo

Apresentam-se os resultados de uma aplicação do método Braun-Blanquet, na adaptação de Hiltermann e Tuxen Jr. (1974), para a análise paleoecológica de associações de foraminíferos bentônicos do Cretáceo Superior recuperadas de quatro seções de poços do Baixo de São Francisco (Membro Calumbi da Formação Piaçabuçu, Bacia de Sergipe, Nordeste do Brasil). Esta análise, realizada dentro de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Setor de Bioestratigrafia e Paleoecologia da Divisão de Exploração do CENPES, permitiu a caracterização de sete "paleobiocenoses". Suas afinidades faunísticas/paleoecológicas as agrupam em três paleobiocenoses maiores, às quais correspondem três grandes domínios paleoambientais: parálico (associações Daxia sp. 2 e Valvulineria sp. 1), nerítico a transição neríticolbatial (associações Pararota/ia praenaheolensis, Siphogenerinoides clavata, Praebulimina spinata e Gavelinella stelligera) e batial propriamente dito (associação Gaudryina laevigata/Verneuillina sp. 1). Diferenças e similaridades na composição das associações permitiram a identificação de paleobiótopos particulares dentro de cada um destes grandes domínios paleoambientais, o que tornou possível reconstituir, dentro do contexto bioestratigráfico regional, a evolução paleoambiental do Santoniano ao Maastriachtiano nesta área. Esta evolução sugere que os depósitos podem ser atribuídos a duas seqüências maiores: a seqüência 1, de caráter transgressivo com depósitos de idade santoniana-eocampaniana em ambiente nerítico profundo a batial superior, sobre os quais se acumularam os depósitos regressivos da seqüência 2, em ambientes progressivamente mais rasos, de nerítico profundo a parálico.